Volkswagen se diz insatisfeita com fornecedores.
Normalmente o clima nas festas de entrega de prêmios aos melhores fornecedores é de confraternização, comemoração etc. Por isso, as declarações de executivos da Volkswagen em coletiva de imprensa que antecedeu o Volkswagen Supply Award realizado na semana passada em São Paulo deve ter azedado o vinho de muitos fornecedores locais, em especial os que se enquadram no “um terço” onde se concentram os problemas apontados pelos executivos da montadora.
A imprensa nacional deu bastante destaque às declarações dos executivos da VW. Segundo os jornais Estado de S. Paulo, Valor Econômico e DCI, Thomas Schmall, presidente da filial brasileira, e Alexander Seitz, vice-presidente de compras, teriam dito que parte dos fornecedores brasileiros “insiste em pedir reajustes de preços sem a contrapartida de qualidade e prazo de entrega”. Segundo o Valor, os principais problemas apontados foram: falta de qualidade, falta de investimento no aumento de capacidade e até falhas na entrega de componentes.
De acordo com o jornal DCI, Schmall teria dito que “um carro tem cerca de 500 fornecedores, dos quais 66% são mundiais, e os restantes 34%, nacionais. Atualmente, temos problemas principalmente com os fabricantes locais”, afirmou o presidente da VW, que acrescentou que as fábricas já chegaram a parar em função de problemas com as peças. “Temos um retrabalho cada vez que uma peça vem com problemas, e este é mais um motivo para pensarmos em trocar de fornecedor.”
A maior preocupação da montadora, que pretende atingir em 2014 produção de 1 milhão de veículos no Brasil e para tanto irá investir R$ 6,2 bilhões no País, é que os fornecedores não acompanhem o ritmo. Para Garcia Sanz, membro do Conselho mundial da Volks e responsável pelas compras na América do Sul que também participou da entrevista, a situação tem levado as fábricas da VW no Brasil “a um elevado índice de retrabalho e de paradas constantes na linha de montagem por falta de peças”. Esse quadro, conforme o Estado de S. Paulo, estaria forçando a empresa a trazer novos fornecedores ao Brasil. “A instalação de unidades locais deve ocorrer num prazo de um ano a 18 meses”, disse Seitz, informando que a montadora negocia com fornecedores de plásticos, sistemas de iluminação e peças de motores.
Outro ponto abordado na coletiva foi o aumento na importação de aço, da Ásia e da Europa. Segundo Schmall, o alto preço do aço nas usinas brasileiras faz com que as compras em dólar sejam mais vantajosas. “Com o real forte, e o preço tão mais baixo em outros países, por uma questão de mercado, nós precisamos importar”, afirmou. Garcia Sanz acrescentou que o aço produzido pela Usiminas custa à VW mais de 20% do que o importado da Coréia do Sul.